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Título:
Os Círculos Agroculturais: parâmetros e limites
de uma proposta de educação popular no Distrito Agrícola
Rio do Ouro de Magé/RJ
Resumo: Relato crítico
da experiência de um projeto de desenvolvimento comunitário
sustentável, o projeto DASARA (Projeto de Desenvolvimento Agrícola
Sustentável nos Assentamentos das Áreas Rur-urbanas da Baixada
Fluminense – Estado do Rio de Janeiro – Brasil – Projeto
MAE 7737/CISV/BRA), realizado pela parceria entre uma ONG de origem italiana
(CISV – Comunità Impegno Servizio Volontariato: Comunidade
Empenho Serviço Voluntariado, fundada em Torino/Itália no
ano de 1961) e uma ONG brasileira (SEOP – Serviço de Educação
e Organização Popular, fundada em Petrópolis/RJ no
ano de 1990), através do financiamento da cooperação
internacional italiana (mediada pelo MAE Ministero degli Affari Esteri:
Ministério das Relações Exteriores da Itália),
no Distrito Agrícola Rio do Ouro de Magé/RJ, Baixada Fluminense,
Região Metropolitana do Rio de Janeiro, no período de 2004
a 2007, envolvendo, no total, cerca de 400 agricultores em todas as atividades
implantadas. A problemática central é a participação
popular no âmbito dos projetos de desenvolvimento comunitário
sustentável. O eixo da análise consiste no estudo da proposta
estratégica e metodológica denominada Círculos Agroculturais,
desenvolvida no curso do referido projeto. O objetivo da pesquisa é
descrever como a proposta dos Círculos Agroculturais do Projeto
DASARA enfrentou o problema da participação popular, evidenciando
os desdobramentos advindos; e, compreender, a partir daí, como
se configurou a atuação popular no processo de interação
com os agentes do projeto, destacando a contribuição do
DASARA para a vida dos próprios beneficiários, definida
por eles mesmos. A pesquisa tomou como fontes principais: o texto projetual
aprovado pelo financiador, os relatórios oficiais apresentados
ao financiador, descrição das observações
participativas das atividades dos coordenadores do projeto, e, entrevistas
semi-estruturadas dos agricultores beneficiados pelas ações.
Conclui-se que os Círculos Agroculturais podem ser entendidos como
uma experiência metodológica de educação popular
voltada para a participação dialógica, apresentando-se
como um caminho possível para a superação dos limites
dos modelos convencionais inspirados no referencial difusionista; e, que,
em termos relativos, os Círculos Agroculturais conseguiram superar
a racionalidade bipolar dos atores sociais (o agente e o beneficiário,
o técnico e o agricultor, o perito e o senso comum), muito comum
no domínio da realização de projetos de desenvolvimento
comunitário sustentável, assumindo uma perspectiva que pressupõe
a emergência de várias vozes no conjunto da participação,
dissolvendo os atores clássicos, para figurarem com a singularidade
própria de cada um. |
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