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Título:
As Possibilidades de Novos Rumos para a Educação
Formal na Ilha da Marambaia - RJ.
Resumo: O presente trabalho
objetiva revelar os resultados da pesquisa qualitativa, feita na Ilha
da Marambaia, situada em Mangaratiba, litoral Sul do Estado do Rio de
Janeiro, tendo como objetos de investigação a relação
entre a população que lá reside - composta por descendentes
de escravos do Comendador Breves, caiçaras e ex-alunos e funcionários
da Escola Técnica de Pesca Darcy Vargas (1939 – 1970) - e
a E. M. Levy Miranda, no que tange aos aspectos pedagógicos, aos
anseios da comunidade, ao perfil da escola, às questões
curriculares e às possibilidades de projeto educacional, associando
os princípios da educação do campo e educação
profissional. Este último foi acrescentado ao longo do trabalho
de campo, sendo apontado como demanda para os jovens da comunidade. Partindo
das hipóteses de que a escola municipal, da forma como vem trabalhando
não resgata a cidadania e não interage com as especificidades
da comunidade, a comunidade possui um perfil sócio- histórico-cultural,
que lhe permite formular um projeto com base nos princípios da
educação do campo para a escola local. A população
é reconhecida oficialmente como remanescente de quilombo desde
2005, pela Fundação Cultural Palmares, utilizando-se de
instrumentos legais que garantem os direitos de grupos específicos,
a saber: o artigo 68 (ADCT) da Constituição Federal de 1988,
a Convenção 169 – OIT e o Decreto nº 4. 887 de
2003, tendo como características principais a combinação
da pesca, com técnicas tradicionais caiçara, a pequena agricultura,
o envolvimento na luta pela regularização das terras onde
vivem e a preservação da história e cultura do grupo,
pelos jovens. As entrevistas, observações participantes,
pesquisas teórica e documental com as famílias de alunos
da E. M. Levy Miranda e o presidente da associação de moradores,
atores envolvidos no contexto educacional do Município, e conseqüentemente,
da unidade escolar e dos profissionais ligados à educação,
mostraram, por parte das famílias, a preocupação
com o futuro de seus filhos com relação às condições
e oportunidades de trabalho na própria Ilha, para que não
tenham que continuar saindo, como fazem hoje, a que justifica, com base
na experiência de educação profissional ocorrida na
Escola Pesca, o anseio das famílias pelo retorno de um ensino profissional
ligado ao setor da pesca, adequado à realidade da Marambaia. Por
parte da escola e do sistema educacional, do qual faz parte, verificou-se
a oferta da escolarização para educação infantil
e ensino fundamental baseada em diretrizes curriculares homogêneas
para todas as unidades, cujas conexões com a realidade local depende
dos gestores locais. Isso, somado a outros fatores, contribui para a falta
de estímulo aos estudos e para a saída dos jovens tanto
da escola quanto da Ilha, em busca de outras oportunidades, representando
alguns dos limites da educação formal na Ilha da Marambaia.
A partir disso, forma identificadas possibilidades de um projeto que associe
o ensino profissional, de acordo com a legislação vigente,
com o E-tec Brasil e o Centro Vocacional Tecnológico, e os princípios
da educação do campo, com a pedagogia da alternância,
que atende as demandas por uma educação que re-signifique
o espaço rural brasileiro. |
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