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Título:
Educação agrícola em bases agroecológicas:
uma proposta de programa de qualificação para extensionistas
rurais
Resumo: Esta dissertação
apresenta e discute a necessidade, e propõe a criação
de um novo programa de pós-graduação direcionado
a extensionistas, conside rando a tendência atual de enfoques com
bases agroecológicas e transdisciplinares nas ciências agrárias.
Ainda, há a tentativa de atender às demandas de um grupo
de profissionais com peculiaridades de ordem logística e financeira.
Essas peculiaridades incluem sua grande dispersão geográfica,
isolamento, diversidade de ocupações e escassez de oportunidades
de qualificação impostas pela carreira de extensionista
no Brasil. Acima de tudo, os cursos convencionais de pósgraduação
com dedicação exclusiva não parecem ser os ideais
para esses profissionais. A presente proposta se beneficia da experiência
de 15 anos do autor como extensionista rural e, ainda, considera as visões
de agências oficiais de extensão rural, acadêmicos,
políticos e produtores. O exemplo do PPGEA (programa de pós-graduação
para o qual esta dissertação foi apresentada), que é
direcionado para professores de escolas técnicas rurais, e que
utiliza a pedagogia da alternância, foi também usado como
modelo. A pesquisa consistiu em investigação de campo e
documental. O trabalho de campo foi conduzido por meio do envio de formulários
com explicações dos objetivos e uma lista de perguntas,
ao sítio eletrônico ‘Novaterbrasil’, uma lista
de discussão com cerca de 1100 usuários extensionistas.
Cento e doze voluntariamente responderam e 12 foram descartados por falta
de informações, ficando a amostra, de 100 respondentes.
Esses respondentes originaram-se de 16 estados, a maioria da região
Sudeste (76%) e pertencentes a 33 instituições. A maioria
(53%) tinha idade de 20 a 40 anos, 59% tendo atuado em extensão
rural por até 10 anos. Somente 25% haviam cursado mestrado e 56%
declararam ter intenção em cursar.
Agroecologia foi a área do conhecimento mais citada (22 respostas)
como sendo o assunto do curso de mestrado pretendido, seguido de desenvolvimento
rural sustentável (6 respostas), num total de 51 assuntos mencionados.
Falta de tempo, dificuldades financeiras e problemas de mobilidade foram
as principais limitações mencionadas para o ingresso em
uma pós-graduação, segundo 60, 64 e 56% dos respondentes,
respectivamente. Quando questionados sobre seu conhecimento em agroecologia,
educação e comunicação, 77, 73 e 66% declararam
conhecimento médio a completo conhecimento, respectivamente.
Entretanto, em relação à pedagogia da alternância,
53% declaram desconhecimento. Após terem sido informados, 84% declararam
o desejo em cursar pós-graduação sob esta pedagogia.
O trabalho documental consistiu em análise detalhada de 14 programas
credenciados pela CAPES, que tratam de agroecologia, desenvolvimento sustentável
e educação agrícola. Todos, exceto o PPGEA, são
presenciais e em regime de dedicação exclusiva. São
baseados na fragmentação do conhecimento e direcionados
a certas áreas especificas, não lidando explicitamente com
transdisciplinaridade e carecendo de pesquisas sociais e experimentação
com produtores. Estes programas oferecem anualmente 250 vagas, o que é
muito abaixo da demanda dos extensionistas sozinhos. Assim, as demandas
resultantes da análise dos questionários respondidos pelos
extensionistas e a atual oferta de programas de pós-graduação
junto ao MEC, revela uma lacuna óbvia, tanto quantitativa quanto
qualitativa, o que justifica a criação de um programa inovador
capaz de atender as demandas deste grupo excluído de profissionais.
Tal programa, baseado na pedagogia da alternância e na transdisciplinaridade
é delineado, tendo como premissas os achados da pesquisa desta
dissertação.
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