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Título:
A presença feminina no magistério do curso
técnico em agropecuária no CTUR/UFRRJ nos anos de 1970.
Resumo: O debate sobre
gênero tem, nos últimos anos, ocupado cada vez maior espaço,
principalmente na área das Ciências Humanas e Sociais. Historicamente
a mulher atravessou mudanças, chegando, hoje, a ocupar posições
na sociedade dificilmente pensadas por suas avós ou mesmo mães.
Partindo do pressuposto de que há uma construção
social e histórica do gênero e que a educação
tem papel fundamental neste processo, o objetivo deste trabalho é
o de discutir a presença feminina no magistério do curso
técnico em agropecuária no Colégio Técnico
vinculado à UFRuralRJ (CTUR). Tradicional nicho masculino, com
docentes em sua maioria formados em zootecnia, veterinária e agronomia,
o curso de agropecuária do CTUR experimentou, nos anos de 1970,
uma nova situação. Com a licenciatura em ciências
agrícolas como um dos requisitos para formar o profissional do
ensino nesta área do conhecimento, a mulher começou a ganhar
espaço nas salas de aula do curso. Dessa forma, a questão
que nos move é o debate em torno das relações dentro
da escola a partir deste acontecimento. O referencial teórico tem
como base os estudos de Jane Soares de Almeida, Guacira Lopes Louro, Cristina
Bruschini, Amparo Blat Gimeno, entre outras. Curiosamente – ou obviamente
– são mulheres falando de mulheres, mulheres pensando as
questões femininas e buscando um novo entendimento para a nova
sociedade em formação, com a mulher ocupando múltiplas
funções, com múltiplas faces e múltiplos caminhos
a seguir. Nesse sentido, a apresentação deste trabalho é
dividida em quatro etapas. Na primeira, faremos algumas considerações
sobre questões que envolvem o tema gênero e educação,
fugindo ao estereótipo da mulher oprimida pelo homem castrador
e fugindo, também, da visão simplificada de que discutir
gênero é unicamente falar sobre mulher, assumindo que neste
estudo as questões sobre gênero serão analisadas sob
uma perspectiva das relações homem/mulher/educação
travadas em nossas escolas e dentro do contexto social e histórico.
Assim, analisaremos como se dá a construção de gênero
em nossa sociedade, discutiremos o que é ser mulher neste mundo
ocidental e faremos ainda um pequeno histórico sobre a escolarização
feminina no Brasil. Depois discorreremos sobre a feminização
do magistério no contexto educacional brasileiro, marcada por pensamentos
sobre o magistério como “vocação” feminina,
pois à mulher caberia formar os homens fortes da nação,
seja no lar ou na escola e, consequentemente, sobre uma possível
desvalorização da carreira. Na terceira parte, abordaremos
a relação entre educação e trabalho feminino
nos dias de hoje. Finalmente, chegaremos à situação
do Colégio Técnico da UFRRJ, com a apresentação
de um trabalho cuja metodologia utilizada é a da história
oral, com relatos de ex-diretores, ex-alunos e ex-alunas, funcionários
e da primeira mulher a lecionar no curso técnico em agropecuária
nesta instituição. Tendo uma história de funcionária
técnico-administrativa na escola, esta professora cursou a licenciatura
em ciências agrícolas na Universidade Rural, formou-se em
1974 e passou a exercer a função de docente, alterando o
status quo e abrindo caminhos para outra vertente do trabalho feminino
no campo. A fala desta mulher é um exemplo de que as vozes femininas,
muitas vezes caladas ainda em nossas escolas, têm um caminho de
superação recente.
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