plinaridade, mas
procuram se aproximar da posição
bastanteflexíveldefendida
pelos signatários da“Car-
ta da
Transdisciplinaridade”, de 1994, e fortemente
reiterada na
“Mensagem de Vila Velha/Vitória”, de
2005,
notadamente em relação ao seu artigo 2 onde
afirma que “O
reconhecimento da existência de dife-
rentes níveis
de realidade, regidos por lógicas e leis
diferentes,é
inerente à atitude transdisciplinar”. Com
isso deixam
explícitoque a centralidade na “lógica do
terceiro
incluído” representa uma redução do enunci-
ado original do
referido pilar decorrente, ao que pare-
ce, da força
assumida pelo “documento síntese” ela-
borado com base
nos resultados do projeto CIRET-
UNESCO,
desenvolvido sob a coordenação de Basarab
Nicolescu, pelo
CIRET, e por Madeleine Gobeil, pela
UNESCO, que
norteou as discussões e que foi adota-
do e aprovado
como documento final do Congresso de
Locarno, de
1997,conforme descrevemos anteriormen-
te. A
flexibilização daCarta daTransdisciplinaridade,
de 1994, pode
ser igualmente observada quando se
considera que
neste último congresso de 1997, foi in-
troduzido um
terceiro pilar, “a complexidade”, apon-
tando para a
grande abertura a que se propunham os
signatários da
mesma.
Tal tipo de
discussão, que poderia ser amplamente
desdobrada, mas
foge ao âmbito desse trabalho, per-
mite-nos, no
entanto, nos limites do presente texto,
colocar como
relevante a indagação acerca do que po-
deria, de fato,
significar, para partidários dessa nova
proposta de um
pensar transdisciplinar, a adoção da
“complexidade”,
dos “níveis de realidade” e da “ lógi-
ca do terceiro
incluído”, como ponto de partida para
suas reflexões?
Consistiria, essa nova proposta, nos
germes de um
novo “paradigma”, na acepção de Kuhn
(1975),
anteriormente descrita por nós para caracteri-
zar o paradigma
simplificado que norteia o modelo
de pesquisa, de
“ciência normal”, que caracteriza a
produção da
ciência moderna e que deve ser necessa-
riamente ser
compartilhado pela comunidade cientí-
fica, ou,
consistiria, então, em uma “matriz transdis-
ciplinar”? Esta,
para utilizarmos uma adaptação ao
conceito de
“matriz disciplinar” que Kuhn (1978) de-
senvolve no
sentido de responder as críticas que rece-
beu, pela
ambigüidade que o termo ‘paradigma’ apre-
senta em sua
obra “A estrutura das revoluções cientí-
ficas” (Kuhn,
1975), pelas várias definições explícitas,
ou por vezes
implícitas, que emprega.
Dessa primeira
aproximação à análise de conteú-
do do
conjuntodos documentos firmados nos diferen-
tes encontros
internacionais, que tomou a transdis-
ciplinaridade
como tema, parece-nos que, muito em-
bora o termo
‘paradigma’ seja empregado por muitos
autores
partidários desse pensamento, na maioria dos
casos a
presença do termo representa tão somente
uma simples
menção, ou ainda assume um outro sen-
tido usualmente
não explicitado, como, por exemplo,
o do conceito
de “modelo” ou de “teoria”. Assim, seu
significado
“real” permanece ambíguo e mesmo vago,
na maioria dos
casos, sugerindo outros sentidos que
aqueles
atribuídos por Kuhn, em seus trabalhos. No
entanto, tal
indagação parece-nos instigante na abor-
dagem do
significado dessa proposta de um pensa-
mento
transdisciplinar, para seus membros, pela fre-
qüência com que
o termo é referido.
Se tomarmos a
interessante análise comparativa
e crítica que
Kneller (1980) faz das propostas de Karl
Popper, Thomaz
S. Kuhn, Imre Lakatos, Paul Feyera-
bend, Nicholas
Maxwell e Gary Gutting para explicar
diferentes
perspectivas na abordagem da história das
ciências, assim
como suas possibilidades e limites,
podemos supor,
numa primeira reflexão sobre a ques-
tão, que a
proposição dos referidos pilares, como fun-
damentais para
uma metodologia transdisciplinar, se
aproximaria,
dentre os autores mencionados por
Kneller, muito
mais das concepções de “programa de
pesquisa”,deLakatos,
ou de“esquemabásico”deMax-
well, por
exemplo, do que da concepção clássica de
“paradigma”ou
de “matriz disciplinar” de Kuhn, dada
a maior
flexibilização que as caracterizam.
Muito embora
possa parecer precoce considerar o
movimento,
engendrado por esse grupo diferenciado
de pensadores,
na direção da definição de um novo
pensamento,
como passível de estar inscrito em uma
novahistória da
ciência moderna, a hipótese presente
é a de que esse
movimento, como bem o descreve Ba-
sarabNicolescu
(2005) em sua apresentação no II Con-
gresso Mundial
de Transdisciplinaridade em Vila Ve-
lha/Vitória, no
texto intitulado “Transdisciplinari-
dade – Passado,
presente e futuro”, permite enunciar
que a busca por
um pensamento transdisciplinar já
tem sua própria
história.
As perspectivas
futuras para o avanço desse e de
outros
pensamentos transdisciplinares similares, que
possam emergir
enriquecendo essa história são, ao